As Pequenas Comunidades Cristãs em Moçambique



Formação sobre as Pequenas Comunidades Ministeriais



Sob o influxo do espírito do  Concílio Vaticano II, primeiro, e ainda nos últimos anos do 
colonialismo português; e com a proclamação da Independência sob o paradigma da revolução marxista-leninista (1975), a Igreja de Moçambique foi profundamente transfigurada.







Formação sobre as Pequenas Comunidades Ministeriais

Na I Assembleia Nacional de Pastoral (Beira, Setembro de 1977), as forças mais vivas de todos os níveis e sectores eclesiais, optaram pela génese de Pequenas Comunidades Ministeriais de perfil bem diferente das velhas "cristandades" das escolas-capelas confiadas a professores-catequistas.

Catequese - Identidade baptismal e Comunidade Cristã




Em páginas deste mesmo título, insiro um texto sobre a Génese das Pequenas Comunidades Cristãs em Moçambique, publicado pela revista SPIRITUS (Paris, Setembro 2015, nº220).Aqui fica, pois, tanto aversão em Português como em Francês.

Páscoa 2015-2



As estradas da Minha Páscoa - 2 

Na Sexta-Feira Santa, a Celebração da Paixão do Senhor 
fora programada para a Comunidade de M’popelani - Comunidade da Sagrada Família -, a primeira a pedir para ter a Reserva Eucarística. Tal os obrigou a preparar o lugar e o ambiente. Infelizmente, estão também a optar pela cobertura em chapa de zinco... Assim as celebrações continuam a ter lugar, normalmente, nas catedrais das mangueiras, sempre mais aparzíveis do que o "purgatório" das chapas!








Foi dia de "inauguração" no dia de Natal passado.

Esta imagem mostra o embelezamento que a comunidade quis pôr no sacrário...






Deixei ali uma marca muito agradável: enquanto a comunidade ultimava os preparativos da celebração, eu cuidei de um martirizado limoeiro que, verifiquei agora, está pujante e prometedor.
Pastoral do desenvolvimento? Ou Pastoral da Saúde?


Foi um lindo Dia de Natal!

Mas este post vem a propósito de Sexta-Feira Santa desta Páscoa 2015!

  Distante cerca de 30 Kms da sede paroquial, e com uns 10 Kms de mato/capim puro, foi, nesta Sexta-Feira Santa,  uma verdadeira aventura de furar pelo capim adentro, nalguns bocados com mais de 1 metro acima do carro. Felizmente já não era a primeira vez que calcorreava tais picadas e carreiros pelo que ia relativamente confiante que nenhum tronco me iria furar algum pneu. Receava o regresso pela mesma via, porque já seria noite cerrada. Mas, a alternativa de mais 10 Kms para dar a volta, estaria ainda mais complicada com cortes e lamas intransponíveis. 

E optei pela mesma via da ida. Na escuridão da noite, foi uma intensa oportunidade de meditar em tantas vicissitudes com que se debatem milhões de homens e mulheres na vida!  E a não conseguirem romper com os bloqueios, como eu estava a conseguir!E a dar-me conta de que estava numa zona que estivera cortada das comunicações por quase um mês devido às chuvadas e enxurradas consequentes.

No dia seguinte, amanheci em casa, no aparazível lugar da Missão

Vigília Pascal

Na Vigília Pascal, celebrada na Igreja Paroquial, baptizámos mais de 80 pessoas. Em abono da verdade, batizei-as com algum amargo de boca. Uma ínfima minoria domina a leitura e a escrita, se bem que, sendo conhecida a minha “mania” da alfabetização, no rito da eleição, celebrado no Domingo próprio (o 1º da Quaresma), a maior dos catecúmenos, assinaram, sobre o altar, o seu nome.
 Mas é ainda muito pouco no combate ao obscurantismo e à ignorância. Afinal, querer satisfazer uma mania do padre é bem pouco!

Mas sinto que o caminho, lento e teimoso, vai sendo feito. Dei conta de meia dúzia de homens e mulheres que me parecem verdadeiras esperanças para a construção imediata de comunidades mais conscientes da sua missão evangelizadora.
Durante todo o dia de Sàbado Santo tivemos catequeses conscientizadoras sobre a realidade do baptismo nas nossas vidas e as suas exigências no compromisso comunitário.





 

Pude deliciar-me, mais uma vez, com as catequeses conduzidas pelos animadores paroquiais, a partir dos clássicos cartazes do LUMKO.









Foi muito esperançoso poder observar o interesse de participação de gente simples…





 
Como desafios imediatos ficaram os compromissos pela preparação do crisma, já para o próximo ano, como complemento da Iniciação Cristã, e na qual a Alfabetização deverá ter uma especial preocupação. Sonhar não faz mal….


Na manhã de Domingo de Páscoa, das 7:30 h às 10:30 h tivemos o complemento da celebração da Vigíla que se estendera das 21:30 às 2:00 h da manhã. Se o acento da Vigília foi o Baptismo, o da manhã foi a celebração ou revisão de compromissos matrimoniais. Optei por separar a celebração dos casamentos dos baptismos, porque já há muitos anos me apercebi que o sacramento de raiz ficava ensombrado pela festança dos casamentos.

Páscoa 2015

As estradas da minha Páscoa

Dos piores troços onde ainda temos de passar, apesar do enorme esforço de reposição

Deus, que “escreve direito por linhas tortas”, enviou-me a cuidar das comunidades de uma pequena paróquia de Malatane, criada em 1907, na zona de Angoche, plantada à beira do Índico. É linda, ecologicamente ainda não muito estragada, salvo algumas agressões nas dunas da zona mais deliciosa, a estrada a caminho da Sangage. Os agressores são os chineses devidamente – creio – autorizados para explorarem as areias pesadas da zona.

Na primeira semana de Março as inundações, verdadeiras calamidades naturais,
deixaram esta zona cortada da comunicação viária do resto da província. Retido em Nampula à espera de sinal de poder cruzar, já me conformava com a hipótese de não poder vir celebrar a Páscoa com as 12 comunidades que integram a paróquia. 

Mas, na Segunda-Feira Santa, tive um lamiré: já se passa via Liúpo. Os meus amigos padres verbitas, ainda sem grande convicção, confirmaram .”ouvimos dizer que sim”. Decidi, por isso, meter-me a caminho, disposto a todas as aventuras. 

Saí de Nampula na Quarta-Feira Santa, pelas 9 da manhã e, pelas 5 da tarde, chegava a Malatane (Angoche) tendo deixado pelo caminho (Liúpo) os meus amigos padres Marcelo e Jimmy com o Irmão Moacir (Verbitas) algo suspensos sobre o que me poderia acontecer…. 

Já tinha feito a zona menos destruída (Nampula-Corrane-Liúpo – 100 Kms) em 4 horas. Estava curioso sobre o que me esperava na última etapa… de cerca de 70 Kms. Pontes destruídas, mas, sobretudo, pontes cortadas do acesso por destruição da estrada… Dois troços tinham sido, entretanto, precariamente, repostos, contornando a ponte e optando pela parte baixa … esperando, naturalmente, que outra catástrofe climática não se repita por ora.

E aqui estou, nestes dias santos de Páscoa, usufruindo da paz e da beleza paisagística deste Éden, partilhando a pobreza das gentes ainda tão longe dos benefícios da vida material e tão ricos de Deus!

Entretanto, cumpro o programa que os Animadores tinham delineado em alternativa: se conseguisse ou não chegar. Ontem, Quinta-Feira Santa, na Comunidade de Coroma, por sinal no mesmo caminha/estrada por onde entrei no dia anterior, tivémos uma rica celebração da Ceia de Jesus que, depois, se prolongou por uma interessante Vigília Eucarística mais rica e participada quando eu me retirei da presidência e a espontaneidade dos simples se manifestou. É sempre tempo de dar o lugar aos mais simples e com eles aprender.


Uma única vela dava LUZ aos circunstantes e alumiava
, também, o Pão Eucarísitco suportado num lindo cálice de fabrico local! Foram 3 horas ricas pela noite dentro.

Jesus, a caminho do calvário, teve uma caminhada infinitamente mais dura e apesar das mulheres de Jerusalém, porventura a tentarem consola-lo, só 3 dias depois mostrou o sentido de todas as calamidades com que nos vamos tratando nesta face da terra que já foi edénica!

Mau sinal: o noticiário desta manhã dizia que !Homens armados da Renamo tinham atacado posições das FADM na Província de Gaza. Fico circunspecto e inquieto. Que significa esta mã notícia em dias de Páscoa e após a mesnagem do Presidente Nhussi!